Os Meus Alunos Partilham as suas Reflexões Como parte do Projecto Globais “Um Dia na Minha Vida: Viver sob da Covid-19”

Por Raquel Costa
May 22nd, 2020

As seguintes reflexões estudantis foram apresentadas pelos meus alunos como parte do Projecto Globais Histórias de Estudantes: Um Dia na Minha Vida: Viver sob a Pandemia da Covid-19. Os meus alunos estão ansiosos por ler as reflexões dos seus colegas de outras escolas jesuítas de todo o mundo.

 

Um dia na minha vida: Gonçalo, 16, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Nestas últimas semanas, tenho tentado manter as rotinas ao máximo. Todos os dias acordo cedo para tomar o pequeno-almoço e, de seguida, ter aulas durante toda a manhã. Depois de almoço, aproveito a liberdade que nos é dada para poder estudar disciplinas à minha escolha. Por volta das seis da tarde lancho. Às sete horas da tarde, todos os dias, reservo uma hora para desporto. Seja dar uma corrida ou fazer qualquer outro tipo de exercício físico ajuda-me a abstrair deste problema que todos enfrentamos.

Na minha opinião, esta situação é muito mais sobre o “nós” do que do “eu”. Era fácil para qualquer jovem da minha idade marcar uma saída com os amigos e ignorar todas as recomendações que nos são feitas. Afinal, nem estamos na zona de risco. O problema é que, apesar de podermos não ser afetados pelo vírus, os nossos próximos podem. E mesmo indiretamente, podemos estar a transmiti-lo para pessoas que estejam dentro da zona de risco. Já não estou com os meus avós há um mês e dezanove dias. Ensinei-os a fazer videochamada, mas, apesar disso, não temos qualquer outro tipo de contacto. Para além de tudo, parece que esta situação já está a melhorar. Se tudo correr bem, voltamos à escola em duas semanas.

Até lá, fico em casa.

 

Um dia na minha vida: Henrique C, 16, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Olá, chamo-me Henrique, tenho 16 anos e estudo no Colégio das Caldinhas, em Portugal, e venho descrever um bocado como tenho passado esta quarentena e como isso afetou a minha rotina diária.

Para vos enquadrar um bocado nesta reflexão vou vos explicar brevemente como era a minha rotina antes do isolamento e depois do isolamento. Ora antes da pandemia, a minha rotina envolvia ir para a escola, ter treinos todos os dias, e ter o meu tempo ocupado com bastantes atividades fora de casa.

Neste momento de quarentena, para ocupar estes dias na pandemia decidi criar uma rotina de forma a ocupar o tempo com o objetivo de não ficar a pensar no que fazer a cada dia que passo aqui em casa. Na minha rotina tentei enquadrar tempo para estudar uma vez que aqui em Portugal iremos ter exames, tempo de lazer para simplesmente descansar e tempo para fazer exercício, pois, uma vez que pratico desporto, o exercício para mim tem uma enorme importância.

Assim podemos dizer que um dia útil nesta quarentena é: acordar, ter aulas por videoconferência, almoçar, descansar um bocadinho, estudar para os exames e fazer os trabalhos de casa e por fim fazer exercício físico.

Concluo dizendo que, nestas alturas é importante ocuparmos o nosso tempo de uma forma rentável de forma a preencher cada dia dentro de nossas casas, e mostrando que têm uma enorme importância.

 

Um dia na minha vida: Mariana, 15, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

 

Presa liberdade, preso coração

 

Presa liberdade, preso coração

Presa vontade, presa ilusão.

Como pássaro numa gaiola infinita,

Como sentimento que dentro fica.

 

Apetece-me largar tudo

Para ter a liberdade que já tenho

Para calar o silêncio mudo

Pois para isso é que venho.

 

Esta guerra sem soldados

Este isolamento acompanhado,

Estas lágrimas saudosas.

 

Deixam-nos desesperados,

Com medo do mundo acabado,

Mas com mentes esperançosas.

 

Um dia na minha vida: Miguel, 16, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Como existe sempre algo de bom em tudo, podemos retirar boas bênçãos da situação atual em que vivemos. Temos de manter um pensamento positivo pois, este período em que estamos de quarentena pode ser fundamental para o resto das nossas vidas.

Particularmente, tenho aproveitado este período para me focar nos estudos, dado que tenho todas as condições para o fazer. Apesar de ser mais complicado aprender com aulas on-line, temos a possibilidade de estudar mais já que disponibilizamos de mais tempo.

Para além disso tenho procurado me desenvolver pessoalmente, lendo livros sobre vários temas sendo alguns deles em inglês. O último que acabei chama-se “What every body is saying”. Este livro é sobre linguagem corporal, sendo um dos que ando a ler.

Tenho aproveitado também para pensar mais sobre o meu futuro e sobre o que gostaria de seguir na universidade. O facto de começar a perceber o que gostaria de seguir, dá me motivação extra para me focar mais nos estudos. Este tempo que temos para nós é fundamental e saber utiliza-lo bem pode ser de uma importância fulcral para o resto de nossas vidas.

 

Um dia na minha vida: Ariana, 15, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Com a crise do coronavírus estou em casa a cumprir o isolamento social que, não só mudou a minha rotina diária como também me mudou a mim.

Começando pelas aulas online, considero que fico impressionada com aquelas pessoas que trabalham todo o dia em escritório e ficam dia após dia a olhar para um ecrã. Agora, é o que acontece com todos os alunos, e eu não gosto nem um pouco: curvada, parada e sem me exercitar durante o dia para conseguir acabar trabalhos que os meus professores me mandam online dentro do prazo. E tudo isso resulta numa falta de descanso e relaxamento quer mental quer físico, necessário a qualquer pessoa.

No entanto, um aspeto positivo é o desenvolvimento da minha organização escolar. Nestes tempos, tenho revelado mais autonomia e responsabilidade na realização de tarefas. Com isso, consigo esquecer-me de toda esta situação e acreditar que é só uma fase e tudo ficará bem.

Concluindo, se pensarmos apenas no pior é exatamente isso que vai acontecer! Por isso, o meu objetivo de agora é alcançar algumas metas que defini, pouco a pouco, e abstrair-me da voz da minha cabeça que grita “PROCRASTINAÇÃO!”.

 

Um dia na minha vida: Rita, 16, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Surpreendentemente, as minhas preocupações em relação a esta pandemia diminuíram desde que a escola fechou. Apesar de estarmos a viver durante uma época de crise mundial eu não sinto que houve grandes mudanças na minha vida e provavelmente isso deve-se ao facto de que estar em isolamento social é quase igual a como eu passo o primeiro mês de férias de verão num ano normal.

Acordo, como, faço algo para me entreter, como mais algumas vezes e depois estou de volta na cama. A única diferença entre como passos os dias agora e como passo nas férias de verão é que agora, a parte do “faço alguma coisa para me entreter” significa fazer trabalhos para a escola e ter aulas online, assim como ficar sem fazer nada durante longos períodos de tempo. De certa forma, ter escola online é bastante agradável pois o sentimento de estar de férias não desaparece, mas ao mesmo tempo não me sinto tão aborrecida como nas férias.

Em geral acho que o meu dia-a-dia mudou um pouco, mas não está muito diferente da realidade a que já estava a habituada. Todavia, apesar das minhas preocupações sobre este vírus terem diminuído, ainda tenho muitas incertezas sobre as quais prefiro não pensar, como por exemplo, quando é que posso voltar a ver os meus amigos ou quando é que vou poder voltar a jogar voleibol num pavilhão, com a minha equipa. Já estou fechada em casa há 7 semanas e apesar de isto parecer o meu primeiro mês de verão, começo a ficar farta de estar em casa. Afinal de contas, eu estou habituada a ficar um mês fechada em casa, não quase dois. Só de pensar que ainda falta bastante tempo até tudo voltar ao normal já fico desmotivada e só me apetece tentar hibernar.

 

Um dia na minha vida: Daniela, 16, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

No inicio de 2020 criei algumas expectativas e defini determinados objetivos que gostaria de cumprir este ano, mas grande parte deles foram travados por este vírus que parou não só Portugal mas o mundo, o Covid-19 . Todo o mundo teve que implementar novas regras de combate a esta pandemia, uma delas sendo o isolamento social.

Inicialmente para mim não foi fácil, mas acredito que o processo de mudança nunca é bem aceite por ninguém imediatamente. Sentia-me desorientada e desmotivada, sem saber o que fazer e como aproveitar bem o meu tempo, já que iria ter muito, mas para me encontrar teria de definir prioridades e uma nova rotina, e assim o fiz.

Como prioridade principal dei lugar à escola. O 11º ano é sempre um ano muito importante nas nossas vidas pois temos que realizar exames nacionais que nos permitirão o acesso ao ensino superior, não me podia esquecer disso nunca. Recebemos o horário relativamente às aulas síncronas que teríamos e foi por aí que me guiei. Ter aulas online foi uma nova experiência que nunca pensei ter que viver, mas acho que com isto me tornei uma pessoa mais autónoma por não ter nenhum professor ao meu lado a guiar o meu trabalho. Por outro lado, estar tanto tempo em frente a um computador deixa-me mais cansada e necessito mesmo de fazer mais intervalos entre o estudo, e também não estar com o professor fisicamente faz com que seja mais difícil concentrar-me.

Outra prioridade que defini foi dedicar mais tempo ao desporto e à família, coisas que muitas vezes deixávamos de lado por não ter tempo, ou não saber geri-lo. Criei um plano de treinos que faço todos os dias para me manter ativa. Relativamente à família aproveitei os meus intervalos do estudo para ver um filme com eles, jogar um jogo, etc … coisas simples mas com muito valor.

Por último decidi aprender algo novo, sair da minha zona de conforto e descobrir novos talentos. Para isso experimentei diversas coisas desde pintar, dançar , escrever, entre outras . Mas não senti que realmente tinha talento para nenhuma, então decidi aplicar-me e aprender a tocar um instrumento novo, guitarra. Ainda não sei tocar muito bem, mas espero um dia conseguir faze-lo.

Admito que não reagi da melhor forma a estas mudanças imprevisíveis que tivemos que enfrentar, mas acho que parando e pensando como podia implementar isso na minha vida me orientou muito e neste momento posso dizer que sou uma pessoa produtiva e autónoma. Surpreendente como algo tão mau conseguiu trazer-me coisas boas.

 

Um dia na minha vida: Beatriz, 15, Instituto Nun’Alvres, Colégio das Caldinhas, Portugal

Terça Feira, dia 28 Abril de 2020:

Olá, sou a Beatriz do 10º ano do Instituto Nun’Alvres de Portugal e aceitei participar neste projeto para dar a conhecer um pouco da minha quarentena, uma vez que, «a alegria que se tem em pensar, faz-nos pensar e aprender ainda mais» (Aristóteles).

Como hoje é a primeira vez que escrevo, vou escrever um pouco sobre o que já passou nesta minha quarentena que já dura à 48 dias. No início, dia 13 de março, quando soubemos que não teríamos mais aulas até ao final do período, confesso que fiquei contente. Afinal, não iriamos ter testes que estavam marcados e não estaríamos mais na escola, cada vez mais sujeitos ao “maldito” vírus! Sabíamos que teríamos de ficar em casa durante os 15 dias, que inicialmente estavam previstos durar a quarentena e para mim não seria difícil pois eu até gosto de estar em casa. Mas os 15 dias perlongaram-se e a situação continuava a evoluir cada vez mais e mais… até hoje. Agora, a situação no nosso país felizmente começa a atenuar o que me faz ficar bastante feliz…

Portugal nunca esteve muito mal comparado com situações como Espanha, Itália, Estados Unidos que me entristecem bastante principalmente porque em alguns casos, todo o caos que estes países vivem se deve a uma despreocupação inicial!

Acima de tudo, temos de ser confiantes e respeitar todas as indicações que nos são dadas pela Direção Geral da Saúde (DGS). Só desta forma, tudo ficará bem!

Um beijinho virtual,

Beatriz

Quinta feira, 30 de Abril de 2020:

O meu dia a dia: Apesar de estarmos de quarentena, a vida continua, de uma maneira um pouco diferente claro. Todos os dias tenho aulas das nove da manhã ao meio dia, sempre por videoconferência. Confesso que apesar de ser muito diferente, até gosto! Eu, que sou um pouco distraída nas aulas, consigo aproveitar muito mais, uma vez que, não consigo conversar com ninguém. Tenho conseguido tirar apontamentos muito mais completos da matéria e estudar logo, o que me permite saber logo, todas as dúvidas e questões para perguntar aos professores durante a tarde! Sim, porque de tarde também tenho de trabalhar, mas de forma autónoma. Os professores colocam trabalhos na plataforma online Classroom e temos de resolver e enviar até à data definida. Eu até gosto bastante deste método de ensino!

Antes de almoço, ainda consigo ter tempo para descansar um pouco a ver as séries que mais gosto, coisa que quando estava na escola, era raro ter tempo.

Mas para além de mim, também os meus pais estão em casa em teletrabalho. Para eles até é fácil, porque têm uma empresa de informática, mas acredito, que para muitas famílias esteja a ser bastante difícil!

Está a ser tudo bastante diferente, mas na minha opinião, também muito produtivo. Para além disso, ajuda-nos a passar melhor o tempo, que é muito!

Acreditem que tudo vai ficar bem!