Compromisso com a Promoção da Justiça Socioambiental

A realização de projetos na área social faz parte da identidade e das principais atividades pedagógicas desenvolvidas por estudantes e educadores do Colégio dos Jesuítas, integrando a formação e o engajamento social. Como Obra Apostólica, a serviço da missão da Companhia de Jesus no mundo, a instituição assume o papel de educar evangelizando. E o sinônimo para esse compromisso é a formação de homens e mulheres para os demais, conscientes, competentes, compassivos e comprometidos diante do propósito de curar um mundo ferido.

Entendendo que o compromisso da instituição vai além das exigências legais que permeiam as entidades beneficentes de Assistência Social, o Colégio dos Jesuítas destina parte dos seus recursos para oferecer o Ensino Médio Integral Vespertino, curso totalmente gratuito, destinado ao atendimento de estudantes na faixa etária para ingresso de 14 a 17 anos e cuja realidade familiar se encontra em vulnerabilidade socioeconômica. Por meio da concessão de bolsas de estudo integrais – regulamentada pela legislação em vigor, que preconiza critérios de avaliação das condições socioeconômicas – o Colégio oferece, além da mensalidade escolar, o “Programa de Apoio ao Aluno Bolsista”, com a tipificação de seus benefícios: uniforme, livros didáticos, vale transporte, lanche diário e todo e qualquer benefício que se enquadra no Plano Nacional de Educação (PNE) para a garantia da manutenção do estudante no Colégio.

Nas três séries, além do trabalho realizado em sala de aula, os estudantes participam de atividades, encontros e projetos de formação humana, cristã e acadêmica desenvolvidos no Colégio. Desse modo, a instituição assume diante da comunidade juiz-forana que uma oportunidade de promoção humana e um dos meios mais eficazes do desenvolvimento humano é a qualificação na educação, possibilitando aos jovens que estudam na unidade uma formação acadêmica, socioemocional e espiritual que os capacite para os desafios do século XXI.

Um significativo avanço no trabalho iniciado em 2011 foi a transferência das aulas do período noturno para o vespertino (a partir de 2016), aliada à ampliação (no ano de 2017) do currículo para 40 horas semanais, com foco em oficinas de aprendizagem, aulas de teatro e a inclusão da Educação Física no cotidiano escolar dos jovens estudantes. Ao optar pelo Ensino Médio Integral Vespertino, o Colégio dos Jesuítas ratifica a sua atenção aos indicadores do Plano Nacional de Educação (PNE), dentre os quais: a diminuição da distância entre pobres e ricos, o aumento em até 50% no número de escolas em tempo integral no país e a preparação dos estudantes para avaliações externas e para o trabalho. “Outro benefício da implementação do Ensino Médio Integral Vespertino é trazer para a instituição uma convivência social plural, em que aprendemos – uns com os outros – a transformar o mundo, a nós mesmos e as nossas estruturas”, destaca o Diretor Acadêmico do Colégio dos Jesuítas, professor Francisco Juceme Rodrigues do Nascimento.

Em 2017, dos 238 estudantes do Colégio dos Jesuítas contemplados com bolsa integral no “Programa de Concessão de Bolsas de Estudos”, da Rede Jesuíta de Educação no Brasil, 212 jovens integravam as turmas das três séries do Ensino Médio Integral Vespertino. Ao concluírem a educação básica, 55 estudantes do Ensino Médio Integral Vespertino se submeteram a avaliações externas e a programas de admissão no ensino superior. O grupo obteve ótimos resultados, somando 86 aprovações, em 13 instituições (públicas e particulares), para diversos cursos de graduação, incluindo aqueles com maior concorrência, como Medicina e Direito, entre outros. Na Universidade Federal de Juiz de Fora, por exemplo, foram 35 aprovações, das quais 25, pelo PISM (Programa de Ingresso Seletivo Misto, próprio da UFJF) e 10, pelo SiSU (Sistema de Seleção Unificada, gerenciado pelo Ministério da Educação e que utiliza a nota do estudante no ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio). No ProUni (Programa Universidade Para Todos, criado pelo Ministério da Educação e que também utiliza a nota no ENEM), jovens do Ensino Médio Integral Vespertino do Colégio dos Jesuítas conquistaram 28 aprovações.

Ao receberem esses resultados, estudantes compartilham a sua alegria diante das boas notícias, sem deixar de registrar sua gratidão por terem estudado em um colégio da Companhia de Jesus no Brasil. Com duas aprovações em cursos de Medicina (via ProUni) e aprovado em Medicina Veterinária na UFJF (via SiSU), o estudante Victor Pires de Oliveira é um exemplo da marca deixada pela instituição na vida dos jovens e de suas famílias.

Não posso descrever em comentários a minha gratidão ao Colégio dos Jesuítas, aos seus professores e funcionários que, com amor e confiança, me prepararam e me ajudaram nessa jornada. E não só academicamente, mas também no amadurecimento de espírito e de cidadania. Apesar do receio de uma nova vida em um novo lugar ter se alojado, a felicidade fala mais alto, grita. Ela sempre grita mais alto, e como Deus me mostrou esse caminho, estou mais feliz ainda. Por fim, tenho completa certeza de que há uma grande história lá fora esperando para ser vivida por mim e não pretendo desapontá-la”, ressalta o antigo aluno do Colégio, estudando atualmente Medicina em uma cidade do interior do Rio de Janeiro.

Ainda, no decorrer de cada ano letivo, outros projetos, campanhas (no mínimo, duas por ano) e ações na área social são realizados sistematicamente, como, por exemplo:

  • Festa Julina – Momento de confraternização e solidariedade em que toda a comunidade educativa do Colégio (estudantes, pais, educadores e antigos alunos) é colocada a pensar em uma instituição que deve ser apoiada no que diz respeito à continuidade do trabalho assistencial prestado à população, destinando-se a ela toda a renda resultante desse espaço especial de aprendizagem interpessoal e colaborativa entre o colégio e a comunidade, como lugar de celebração e da partilha de dons e recursos.
  • Ronda Noturna – Ação realizada com pessoas em situação de rua, envolvendo estudantes da 2ª série do Ensino Médio. Acompanhados por educadores do Colégio, os jovens voluntários se organizam e preparam os lanches que são distribuídos em momentos de escuta, troca e partilha. As vivências contribuem, afetiva e efetivamente, para o desenvolvimento de um novo olhar diante da realidade.
  • Coletivo Ágape – Grupo de apoio comunitário e transformação social, mobilizado desde 2015 por estudantes da 3ª série do Ensino Médio, que “abraçaram” duas instituições: Centro Pop (administrado pelo convênio entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a Associação Municipal de Apoio Comunitário – AMAC, é o principal serviço de atendimento à população em situação de rua do município, oferecendo refeições, acompanhamento psicossocial, oficinas artísticas, coral, entre outras atividades voltadas para a reinserção do morador em situação de rua na sociedade) e Educandário Carlos Chagas (instituição fundada em Juiz de Fora no ano de 1932; atendia inicialmente a filhos de hansenianos que buscavam orientação e proteção. Atualmente, atende cerca de 30 pessoas com deficiência mental e/ou física).

Solidariedade e Compromisso Social

A Companhia de Jesus acredita na incidência transformadora das ações sociais. Por esse motivo, para os jesuítas, tais realizações não se limitam apenas ao campo social, mas incluem também a justiça socioambiental. Conforme o “Marco de Orientação da Promoção da Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil”, o conceito de justiça está intimamente relacionado com o de reconciliação nos documentos da Companhia de Jesus, sendo necessário que esta justiça (reconciliação) permeie todos os níveis de relações e que, em todas as frentes de inserção apostólica, dê um novo sentido profético a todas as práticas.

Nessa perspectiva, o trabalho sério e dedicado realizado no Colégio dos Jesuítas contribui efetivamente para a “ressignificação do apostolado social” (de modo bastante especial, na missão que visa à superação do abismo das desigualdades sociais e suas graves implicações econômicas, políticas, culturais e ambientais), como destaca o Relatório de Justiça Socioambiental da Companhia de Jesus, ao apresentar algumas das ações sociais realizadas em Juiz de Fora:

  • Guiadas pela pedagogia inaciana, que ensina a pensar com autonomia e profundidade, a discernir, a escolher corretamente, empenhando-se na solidariedade com os demais, as instituições de educação da Companhia de Jesus acreditam que os talentos de cada pessoa são dons a serem desenvolvidos, não para satisfação ou proveito próprio, mas, antes, com a ajuda de Deus, para o bem da sociedade. Dessa forma, os colégios da Rede Jesuíta de Educação no Brasil realizam diversas ações sociais, que buscam superar o abismo da desigualdade. O Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro (RJ) e o Colégio dos Jesuítas de Juiz de Fora (MG) são exemplos disso.

Saiba mais sobre instituições e iniciativas jesuítas que têm como foco temáticas ligadas à promoção da justiça socioambiental, navegando pelo site do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA): olma.org.br.